<

Autorretrato

Sou uma pessoa vulgar, o que não é vulgar
Sou uma pessoa qualquer, o que não é qualquer
A minha história é um fato de aluguer
Que eu aluguei para me mascarar.

Manuel António Pina


Este autorretrato foi revelado na exposição que o MNI organizou, um mês depois da morte de MAP, aberta a 18 de novembro de 2012. Os constrangimentos do tempo televisivo limitaram a sua divulgação no âmbito da entrevista que fora emitida, algum tempo antes, na RTP. Na altura, o jornal-catálogo enquadrava a novidade com este texto:

O INÉDITO

O autorretrato inédito que se revela na capa desta edição é uma das surpresas da exposição. Os visitantes poderão ouvir, de viva voz, a forma como Manuel António Pina se diz de si mesmo. Na sua voz macia, que se descobre nas palavras e nos sons que deles emanam, Manuel A. Pina revela-se, indo à raiz da memória. Trata-se de um retrato com muitos anos e que Pina diz de cor, como fazia com tantas citações dele e de outros autores. Nunca o publicou, mas disse-o ao jornalista Alberto Serra, em recente entrevista. São quatro versos claros, substantivos, de palavras simples, ‘vulgares’, e que, ao mesmo tempo, revelam a profundeza do olhar do autor. É um autorretrato que nos remete para a humanidade e as máscaras do cidadão.


L.H.M.

Autobiografia