Manuela de Azevedo era a repórter mais antiga do mundo
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A Direção do Museu Nacional da Imprensa manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento da jornalista e escritora Manuela de Azevedo (às 12,07 de hoje, 10 de fevereiro, no Hospital de S. José, em Lisboa), de quem editou os seus últimos livros. Tinha 105 anos, feitos a 31 de agosto de 2016. Havia sido internada na 3ª feira, dia 7, no Hospital. Foi a primeira jornalista mulher a ter carteira profissional.

Depois da morte de Clare Hollingworth, no dia 10 de janeiro deste ano, em Hong Kong, Manuela de Azevedo era a repórter mais antiga do mundo. Deixa uma obra vasta que honra o jornalismo e o mundo das letras, já que foi romancista, ensaísta, poeta e contista, tendo escrito também peças de teatro, uma delas censurada pelo regime de Salazar. Cortado pela Censura foi também um artigo que escreveu em 1936 a defender a eutanásia.

Um dos seus feitos célebres como repórter resultou na primeira entrevista dada pelo ex-rei Humberto I de Itália, que se exilara em Lisboa, após a implantação da República. Manuela de Azevedo fez-se de criada para conseguir abeira-se do rei e o resultado foi espalhado pelo mundo, depois da sua publicação no Diário de Lisboa, em junho de 1946.

Entre muitas das personalidades que conheceu e entrevistou está o jornalista e escritor Ernest Hemingway, prémio nobel da literatura.

Ultimamente, Manuela de Azevedo estava a trabalhar num livro com cerca de 200 cartas, a maior parte delas já comentadas.

O Museu Nacional da Imprensa editou a maior parte das suas publicações desde 2009 e a 31 de agosto de 2016 lançou em Lisboa, no SJ, com a presença da jornalista e do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, uma Galeria Virtual Manuela de Azevedo.

Nesta galeria multimédia, lançada no dia do seu 105º aniversário, estão os feitos principais da jornalista e escritora e uma biografia muito completa, com a nona sinfonia de Beethoven em fundo.

A jornalista recebeu várias comendas atribuídas pelos presidentes da República Jorge Sampaio, Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa. E em outubro de 2016 esteve na Câmara Municipal de Lisboa a receber a medalha de mérito cultural.

Além da obra literária e jornalística, Manuela de Azevedo deixa a sua marca na Casa-Memória de Camões, em Constância, projeto em que trabalhou durante 40 anos.

Morreu pobre uma das jornalistas que mais enriqueceu o jornalismo.

A todos os familiares e amigos, o Museu endereça os sentimentos de pesar.

A Direção