HOMENAGEM A OTELO SARAIVA DE CARVALHO

A despedida do estratega da revolução do 25 de Abril de 1974 não pode apagar a memória de um feito tão singular para a liberdade e para a cultura portuguesa.
Otelo Saraiva de Carvalho (1936-2021) fica para a história como um motor-farol que suplantou a longa noite de 48 anos de censura.
Em homenagem ao inesquecível papel de Otelo na liberdade que hoje se respira em Portugal, respigámos alguns momentos da sua participação na conferência-debate realizada no Museu Nacional da Imprensa, a 31 de maio de 2014, no âmbito dos 40 anos do 25 de abril.
Há fotos e um vídeo que mostra bem o vigor e a alegria com que Otelo fala da "gesta gloriosa dos capitães de Abril".
Durante a sessão, fala de uma reunião havida em 1975, na Alemanha, em que o então Ministro dos Negócios Estrangeiros Melo Antunes ouviu a 'ameaça' dos EUA de que haveria um "bloqueio total" a Portugal, se o país continuasse "na perspetiva revolucionária". Pouco depois, disse Otelo, aconteceu o 25 de novembro que foi "o epílogo da revolução que havia durado 19 meses".
Uma das novidades apresentadas na conferência foi um croqui do Forte de Caxias (prisão dos presos políticos da ditadura de Salazar/Caetano) que serviu para a operação do MFA de Amadora, no 25 de Abril. Depois de mostrar o esquema, Otelo revela o nome do seu autor: Jorge Sampaio (futuro Presidente da República).
No final da sessão, Otelo Saraiva de Carvalho visitou a exposição iconográfica sobre o 25 de Abril, da qual constavam documentos que eram revelados publicamente pela 1ª vez. Dentre eles, actas de reuniões clandestinas do MFA redigidas pelo 'capitão' Otelo.
Durante a visita, ouvem-se 'heróicas' de Fernando Lopes Graça, cantadas pelo Coral da Faculdade de Letras do Porto.

Porto e MNI, 26.07.2021