SENEFELDER, Aloysius (1771-1834) - Inventor checo da litografia em 1796, palavra de origem grega formada por lithos (pedra) e grapho (escrever). Esta nova técnica utiliza uma pedra calcária de grão muito fino e de côr azulada/amarela e baseia-se na repulsão entre a água e as substâncias gordurosas. O próprio Senefelder contou a sua descoberta no "Tratado da Litografia" escrito em 1818, e que, em resumo, consistia no seguinte: as pedras eram desenhadas ou escritas com uma tinta pastosa composta por cera, sabão e negro de fumo, após o que as gravava com uma soluçção nítica. O ácido não atacava as partes escritas, que estavam protegidas pelas tinta, mas somente as zonas a descoberto. Deste modo obtinha um ligeiro alto relevo, que entintava com uma bala, procurando não sujar as zonas não impressoras, após o que procedia à impressão. O termo "Litografia" foi criado pelo professor Mitterer em 1805, em Munique.
  
SEQUEIRA, Domingos António (1768-1837) - Pintor português, considerado o percursor do movimento romântico português, parece ter sido o primeiro em Portugal a dedicar-se à arte litográfica. A introdução da litografia em Portugal deu-se tardiamente, datando de 1823 o seu exercício particular e de 1824 o reconhecimento oficial da sua utilidade. O artigo publicado nos Annaes das Sciencias, das Artes e das Lettras, de 1819 (vol.III), atribuído a Cândido José Xavier, constitui a primeira notícia no nosso país sobre a Litografia, arte então emergente. Em 1822, Luís Mousinho de Albuquerque, escreve na mesma revista sobre esta técnica gráfica que havia estudado em Paris. Será precisamente ele que enviará a Domingos Sequeira em 1822-23, uma prensa e algumas pedras litográficas. Em 1824 D. João VI, por decreto de 11 de Setembro, cria em Lisboa a "Officina Regia Lithographica".
  
SILVA, Libânio da (1854-?) - Natural de Lisboa, foi um dos maiores tipógrafos do seu tempo. Mestre insigne, transformou a sua oficina de Lisboa em autêntica escola do ensino gráfico. Visitou vários países da Europa com o intuito de adquirir mais e melhores conhecimentos técnicos. Concorreu às principais exposições europeias e o seu nome impôs-se à admiração de todos os técnicos estrangeiros. Em 1908 escreveu o "Manual do Tipógrafo", cheio de lições tecnológicas que muito auxiliaram os que iniciavam a sua aprendizagem na tipografia e que conheceu várias reedições.
 
STANHOPE, Lord Charles (1753-1816) - Filantropo inglês, que concebeu por volta de 1795 um prelo, para publicar as suas obras, que pela primeira vez era totalmente construído em ferro, excluíndo a cruz em madeira onde assentava. As suas principais inovações foram a pressão regulável através de um alavanca, as calhas oleadas onde desliza o cofre e a capacidade, dada a sua força de pressão, de imprimir de uma vez só toda a superfície da forma. Devido a um contra-peso no braço (alavanca de pressão) regressava automaticamente à sua posição inicial. Com estas melhorias no sistema de prensagem e na entintagem (feita manualmente com as chamadas "balas"), a sua utilização permitia já uma produção de 100 exemplares à hora. A sua penetração no restante continente europeu foi muito rápida, tendo chegado a França em 1814, estando já à algum tempo ao serviço do jornal inglês "Times". O escritor e também impressor Honoré de Balzac descreve ao longo das páginas do livro "Ilusões Perdidas", editado em 1837, as transformações e consequências da importação para França deste tipo de prelo. Com um prelo semelhante trabalharam as célebres famílias de Didot, em França, Giambattista Bodoni, em Parma e Baskerville em Inglaterra.
Em Portugal foi Joaquim António Xavier Annes da Costa, administrador da Imprensa Régia na segunda década do sec. XIX, que introduziu os prelos de Stanhope, mandando construir, pelo modelo de dois provenientes de Inglaterra, treze prelos daquele tipo. Na mesma empresa, mas denominada agora, e desde 1823, por Imprensa Nacional, existiam ainda em 1863, seis prelos manuais à Stanhope, construídos em Lisboa. Na Imprensa da Universidade de Coimbra existiam, em 1877, dois prelos do sistema Stanhope.
  
STERNBERG, Hubert H. A. - Engenheiro alemão que, em 1926, foi nomeado director geral da Heidelberg Druckmaschinen A. G. (a empresa nessa data chamava-se Schnellpressenfabrik, A. G., Heidelberg). Personalidade de maior relevo da economia alemã e, com certeza, um dos maiores impulsionadores da indústria gráfica em todo o mundo. Este engenheiro, que nasceu a 13 de Janeiro de 1897 em Postdam, introduziu, logo em 1926, o sistema de montagem contínua, que transformou a pequena fábrica numa organização à escala mundial que produzia, e continua a produzir, a maioria das máquinas offset e tipográficas existentes no mercado. A ele se deve também a criação de um sistema único de vendas e assistência que em 1972 se estendia a mais de 120 países (incluíndo Portugal), num total de mais de 225 000 máquinas instaladas! No final da 2ª Grande Guerra foi Sternberg um dos homens que mais trabalhou para para a recuperação não só da região de Baden-Wurttemberg mas também de toda aAlemanha Ocidental. Foi fundador da Junta de Promoção de Negócios Germano-Americana, que mais tarde se transformou na Câmara de Comércio e Indústria Germano-Americana. Primeiro presidente da Organização de Comércio Externo Alemão, reorganizou os serviços de informação económica, em colaboração com a Reuter. Foi vice-presidente da primeira exposição alemã do pós-guerra - Alemanha Ocidental em 1949 - em Nova Iorque. Foi também senador honorário da Universidade Técnica de Darmstadt e presidente honorário da Câmara de Comércio e Indústria de Heidelberg, aliás restabelecida por ele depois da guerra. O seu nome está intimamente ligado ao da grande exposição da DRUPA, desde o seu começo, em 1951, da qual foi eleito presidente, pela sexta vez, em 1972.

 
TOLEDANO, Elieser (?) - Proprietário de uma das primeiras oficinas tipográficas judaicas instaladas em Lisboa, desconhecendo-se se exercia a actividade de tipógrafo. Da sua oficina sairam em 1489 as "Novas da Lei ou Comentário ao Pentateuco" de Moisés Ben Nahman e ainda o "Comentário à ordem das Orações" de David Abudarham, a que se seguiram outros livros religiosos. Nesta actividade Toledano teve a ajuda e colaboração técnica de Judah Geadaliah e de seu filho Zaqueu. Os livros destinavam-se para o consumo da própria comunidade judaica que, sentindo-se ameaçada pelo ambiente hostil qua a rodeava, vivia fechada. Em 1496 a actividade dos tipógrafos hebraicos cessa, pois o decreto de D. Manual força-os a sair do país.