Dezenas de exemplares da imprensa nacional e internacional integram a exposição que será inaugurada no Museu de Imprensa-Madeira, em Câmara de Lobos, no dia 22 de janeiro, às 17.30h, com o título “Santa Liberdade, 1961: a Dulcineia que abalou as ditaduras ibéricas”. A abertura decorre precisamente no dia em que, há 52 anos, o capitão Henrique Galvão comandou o assalto ao navio Santa Maria. O caso que logo ecoou pelo mundo, tornou-se manchete na imprensa nacional e internacional. O desvio do paquete Santa Maria viria a ser um dos mais duros golpes aplicados ao regime ditatorial que vigorava em Portugal desde 1926. A exposição, coordenada por Luís Humberto Marcos, apresenta exemplares raros da repercussão do caso na imprensa mundial, designadamente nas grandes revistas mundiais Life, Time e Paris Mach. Trata -se de uma mostra documental que evidencia toda a odisseia que impressionou a opinião pública mundial durante duas semanas, aproximadamente, a partir das múltiplas manchetes que o caso suscitou, até à entrega do navio a 3 de Fevereiro de 1961, no norte do Brasil. O paquete de luxo Santa Maria, que várias vezes ancorou no Funchal, transportava cerca de mil pessoas depois de deixar Caracas, na Venezuela, quando foi tomado por 25 rebeldes comandados por Henrique Galvão. Este dissidente de Salazar encontrava-se exilado na Venezuela, após uma singular fuga do Hospital de Santa Maria, em 1959, onde se encontrava detido à guarda da PIDE (polícia política do regime ditatorial). Depois de ter sido tomado por Galvão, o navio passou a autodenominar-se “Santa Liberdade”, ostentando tal denominação, em diferentes partes do convés. Além disso, o paquete conseguiu fintar a marinha e a aviação americanas, tendo navegado incógnito, durante milhas, em pleno oceano Atlântico, com rota orientada para África. A ação denominava-se “Dulcineia” e fora desencadeada pela DIRL (Direcção Ibérica Revolucionária de Libertação), organização que integrava exilados portugueses e espanhóis, associada ao movimento de Humberto Delgado. Em termos jornalísticos, o caso mobilizou meios nunca utilizados até aquela altura, como foi o uso de pára-quedas por jornalistas do Paris-Match. A montagem da exposição é da responsabilidade do Museu Nacional da Imprensa. Ficará patente até 30 de abril. |
‘Assalto ao Santa Maria’no Museu de Imprensa |